
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Chega um momento da vida em que se abaixar para retirar uma assadeira do forno deixa de ser um gesto automático. Esse instante quase imperceptível marca o início de uma transformação silenciosa: o corpo passa a exigir um design adaptado. A cozinha, esse espaço que nunca descansa, precisa de mais do que estilo; precisa de bom senso.
Durante décadas, as cozinhas foram projetadas com uma lógica imutável: eletrodomésticos embaixo, armários em cima. Mas o que funcionava aos 30 anos se torna um desafio físico aos 60. O design inclusivo, antes restrito a hospitais ou casas de repouso, começa a chegar aos lares com foco em praticidade.
A designer de interiores María del Valle diz isso como um alerta: “Eletrodomésticos não podem ficar nivelados com o piso”, explica à revista El Mueble. É uma verdade incômoda para muitos profissionais da área, mas inevitável. A cozinha moderna não deve olhar apenas para o presente, mas também para um futuro funcional.
Uma premissa clara
A premissa é clara: o forno, a máquina de lavar roupa e a lava-louças devem ser elevados. Isso não é um capricho, mas uma forma de reduzir lesões, distensões musculares e quedas. Em uma altura média — entre a cintura e os olhos — esses eletrodomésticos permitem uma interação confortável. O corpo agradece a cada movimento eficiente.
O armazenamento também precisa ser repensado. Armários baixos tradicionais forçam a pessoa a se abaixar ou sobrecarregar a lombar. Em vez disso, gavetas deslizantes, prateleiras retráteis e sistemas de abertura suave estão ganhando espaço. Isso não é tecnologia futurista: é design pensado para ser vivido, não apenas suportado.
As bancadas também desempenham um papel importante. Alturas padronizadas já não atendem a todos. Ajustá-las conforme a altura do usuário — e até combinar diferentes níveis — pode evitar tensões no pescoço e nas costas. A cozinha, longe de ser rígida, deve ser flexível e acolhedora e, acima de tudo, ter uma altura adequada: nem muito alta, nem muito baixa.
Preste atenção à iluminação e às alças
Iluminação e contraste são aliados silenciosos. Com o passar dos anos, a visão perde nitidez; por isso, uma boa luz direta sobre as áreas de trabalho, combinada com uma paleta de cores de contrastes suaves, melhora a visibilidade. A segurança também passa pelos olhos — e pela luz.
Alças invisíveis ou muito pequenas podem ser obstáculos para mãos envelhecidas. Por isso, modelos maiores, ergonômicos e fáceis de manusear são a melhor opção. A estética não precisa excluir a acessibilidade. Pelo contrário: cada vez mais marcas apostam em soluções que unem beleza e funcionalidade.
Evite quedas
Pisos antiderrapantes e superfícies fáceis de limpar também fazem diferença. São pequenos detalhes que melhoram a experiência do dia a dia. Porque viver bem na cozinha não é sinônimo de luxo, mas de um projeto feito com visão e empatia.
Em última análise, a cozinha precisa deixar de ser um espaço pensado apenas para os jovens. À medida que a vida muda, os ambientes também devem mudar. Projetar com uma perspectiva de longo prazo não é sinal de resignação: é uma forma de conquistar independência, autonomia e qualidade de vida. Porque, em casa — assim como na vida — o design deve servir às pessoas.
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